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09/04/2025

Produtores discutem qualidade do café em ano de valorização recorde

Por Vítor Ogawa
Os cafeicultores celebram um período de valorização recorde da cultura do café, mas é preciso um aprimoramento constante das informações para melhorar ainda mais a qualidade do café paranaense. Em busca disso, mais de 500 pessoas estiveram reunidas no 31º Encontro Estadual de Cafeicultores, realizado no Recinto José Garcia Molina, na ExpoLondrina. O evento reuniu produtores, técnicos, pesquisadores e lideranças do setor.
O primeiro palestrante foi o engenheiro agrônomo Eduardo Mazzuchelli, do IDR- Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná). Ele discorreu sobre a agricultura regenerativa e enfatizou que a maioria dos agricultores já conhece as boas práticas para isso, mas ressaltou a importância de colocá-las em prática para integrar sustentabilidade, renda e competitividade. “O objetivo é apresentar o conceito de agricultura regenerativa e como ele pode ser implementado pelos cafeicultores no Paraná.”
Mazzuchelli ressaltou que os regimes de chuva têm se tornado mais espaçados e quando elas chegam atingem o solo com bastante intensidade, mas há períodos longos de estiagem. Ele enalteceu a utilização de plantio de plantas forrageiras entre as carreiras de café para segurar a umidade no solo e, com isso garantir a umidade do solo por períodos mais longos, o que pode garantir mais produtividade. Esse manejo contribui para ter um solo menos compactado e raízes mais profundas.
Ele comparou a taxa de infiltração de água em sistemas de manejo em Mandaguari, onde uma plantação de 15 anos e sem cobertura teve taxa de 043, enquanto uma lavoura de cinco anos com cobertura de U. ruziziensis em meio às carreiras de café teve taxa de 269. “A implementação da agricultura regenerativa não precisa ser toda de uma vez. Ela pode ser implementada de forma gradual. “A capacitação deve ser contínua e é preciso criar redes de apoio e troca de experiências e o desenvolvimento de técnicas adaptadas à cada região”, apontou. Ele apontou que a aquisição de insumos e maquinários em associação possibilita maior mecanização das atividades. 
A segunda palestra foi ministrada pelo presidente da Fetaep (Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares do Estado do Paraná), Alexandre Leal dos Santos. Ele ressaltou que a Fetaep teve início em Londrina em 1963 e chamou a atenção para a importância dos agricultores se filiarem à ela e pagarem a mensalidade de R$ 30 para que seja possível implantar uma unidade da Fetaep perto de seu município e que também possibilite entrar em programas de financiamento como o Pronafi (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar). 
Ele salientou ainda que a Fetaep pode viabilizar o cadastro que permitirá obtenção de crédito para a aquisição de carro, para a aquisição de máquina agrícola, toda parte previdenciária, política de investimentos agrícolas, pode encaminhar ofício de proposta de toda a parte ambiental, projetos de crédito fundiário, mas o maior objetivo é representar os trabalhadores. “Após a Páscoa vamos a Brasília para entregar a pauta de propostas para o Plano Safra de agricultura familiar referente ao ano 2025/2026 para que tenha maior volume de recursos para custeio da agricultura familiar e que tenha menor taxa de juros, que tenha mais linhas de crédito aos agricultores”, declarou.
Francisco Barbosa Lima, engenheiro agrônomo que trabalhou no Instituto Brasileiro do Café (IBC) no período da geada negra e que se tornou auditor agropecuário aposentado do MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária), relatou que o preço do café atualmente superou o preço atingido em 1977, após a geada negra que dizimou os cafezais do Norte do Paraná. Chegando atualmente a 410 dólares por libra de café arábica (média mensal) na bolsa de Nova Iorque. Vale lembrar que há 25 anos esse preço era de aproximadamente 100 dólares por libra de café. Ele indicou que os altos preços do café têm origem em vários fatores, entre eles os fatores climáticos que atingiram o Vietnã e a Tailândia, que sofreram secas intensas; o baixo volume de estoques de café; o aumento de demanda do produto, entre outros. 
Premiação
No fim do encontro de cafeicultores foi realizada a premiação do 22º Concurso Café Qualidade Paraná. Na categoria Natural foram premiados Maristela Souza (Tomazina), Ariele Afono (Curitiba) Flávia Silva Rosa (Apucarana), José Santiago (Grandes Rios) e Sérgio Miranda (Cambira). Na categoria Cereja Descascado os vencedores foram Claudeir de Souza (Tomazina), Valdeir de Souza (Tomazina), Márcia Cristina Costa (Tomazina), Juarez Colatino de Barros (São Jerônimo da Serra) e Sirlei de Fátima Carvalho (Joaquim Távora). Os campeões regionais foram Palmyos Eduardo Araújo Martins (Iretama), Aparecida de Oliveira Saboré Lopes (Braganey), João Paulo Sgorlon (Pitangueiras), Daiane Elisabete Colombo Teixeira (Jesuítas), Wilson Lopes (Mandaguari), Magna Aparecida Nunes (Congonhinhas) e José Aparecido Sanches (Terra Boa).
“O café especial tem sido um divisor de águas para a cafeicultura familiar. É muito gratificante fazer parte da história do café especial no Paraná. Agradeço aos patrocinadores e ao IDR-Paraná”, destacou a produtora Flávia Rosa, de Apucarana.
O presidente da Sociedade Rural do Paraná, Marcelo Janene El-Kadre, ressaltou e elogiou a presença de um grande número de mulheres entre os premiados, o que ele classificou como uma constante nos últimos anos. 
O secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Márcio Nunes, lançou a 23ª edição do concurso e anunciou que irá dobrar a premiação com o auxílio dos patrocinadores “Nós dobramos o PIB do Paraná e vamos dobrar a premiação. “Vamos garantir a presença dos lotes vencedores na Semana Internacional do Café, em novembro, em Belo Horizonte”, afirmou.
A Semana Internacional do Café (SIC) é uma das maiores feiras mundiais do setor, reunindo produtores, compradores, especialistas e torrefadores em competições, degustações, palestras, cursos, workshops e apresentação de pesquisas.
Fotos:Lunartty Souta
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