Por Mariana Guerin
A manhã de 8 de abril foi repleta de conhecimento técnico para os cerca de 300 piscicultores paranaenses que participaram do 22º Seminário Estadual de Aquicultura dentro da programação da ExpoLondrina 2025.
No primeiro painel, a engenheira de pesca Dayane Regina Lenz, do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), conversou com piscicultor Alisson Schach sobre automação e resultados na piscicultura. O painel foi mediado pelo zootecnista Ricardo Pereira Ribeiro, da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Já no segundo painel, o médico veterinário Julio Hermann Leonhardt mediou um debate entre o engenheiro de pesca Robert Gordon Hickson, do Instituto Água e Terra (IAT), o engenheiro agrônomo Anderson Kooiti Hissada, do IAT, e a engenheira de alimentos Danielle de Bem Luiz, da Embrapa Pesca e Aquicultura, sobre gestão hídrica e o uso eficiente da água.
“No caso da automação, é uma tendência para a piscicultura, por isso trouxemos algumas tecnologias que já estão sendo empregadas com bons resultados”, cita o coordenador estadual de Piscicultura do IDR-Paraná, Miguel Cesar Antonucci.
Ele explica que hoje a piscicultura em tanques escavados requer alguns equipamentos para intensificação da atividade, como, por exemplo, a aeração, que melhora a produção de oxigênio e equipara a temperatura da água.
“Com a automação, a gente instala equipamentos na água que vão dizer o momento correto de ligar os aeradores, de acordo com o nível de oxigênio, e eles devem ser ligados quando o oxigênio atinge um nível crítico para que não impacte a produção”, descreve Antonucci.
De acordo com ele, a condição do ambiente impacta diretamente o ganho do produtor, pois influencia, também, o melhor aproveitamento da ração e, consequentemente, o desenvolvimento do peixe. “Para o pessoal que está no sistema intensivo de produção, que coloca seis peixes ou mais por metro quadrado em tanque escavado, a aeração é necessária e vantajosa porque você consegue mais que triplicar a produção só com o uso do equipamento.”
“Só que esse equipamento, às vezes, é mal utilizado por falta de parâmetros para poder ligá-lo na hora correta”, lamenta Antonucci, destacando que muitos piscicultores desconhecem essa tecnologia. “Falta orientação. Por isso, a intenção desse seminário é levar informações aos produtores para que eles saibam onde e com quem buscar esses equipamentos”, diz o coordenador, citando a participação de 12 parceiros no evento, entre empresas de automação até fornecedores de ração.
Antonucci comenta, ainda, que o reuso da água é um ponto de estrangulamento para a agropecuária atualmente. “Com as poucas chuvas nos últimos anos e a diminuição da disponibilidade hídrica, se a atividade quiser permanecer sustentável, é preciso repensar como trabalhar a água, que é limitante e um bem escasso, por isso a reutilização já é uma necessidade”, avalia.
Ele destaca, ainda, a questão legal do uso da água, em especial, a outorga na piscicultura. “Tem um estrangulamento também, não pode liberar para qualquer lugar, então, como fazer isso da melhor forma possível? Hoje, a maioria dos produtores ainda não têm essas informações e muitos reclamam.”
Mercado em expansão
Segundo o coordenador do IDR, a piscicultura está em franca expansão no Paraná, com um crescimento de 17% só em 2024, com destaque para o Oeste do Estado, especialmente os municípios de Toledo e Cascavel, que representam 80% da produção estadual que, no ano passado, chegou a cerca de 250 mil toneladas, sendo 98% de tilápia.
A produção é destinada, principalmente, para as indústrias de processamento e as cooperativas, que têm desenvolvido sistemas integrados de produção e processamento, especialmente na região Oeste. “Aqui no Norte do Estado algumas cooperativas têm implantado esse modelo de negócio que impulsionou a piscicultura no Oeste, tentando copiar o que deu certo”, comemora Antonucci.
Ele lembra que a piscicultura é uma alternativa que chega para agregar na propriedade. “O piscicultor, geralmente, é sojicultor ou pecuarista e a piscicultura é mais uma atividade para agregar valor e ocupar espaços que eram inaproveitáveis”, completa.
Ainda na programação da aquicultura na ExpoLondrina houve demonstrações de equipamentos e uma aula prática sobre manejo de tanque escavado. “A gente tem um trabalho dentro do IDR que é o desenvolvimento dos técnicos e produtores e a gente trabalha muito a capacitação. A gente faz dia de campo e eventos técnicos o ano todo”, finaliza o Miguel Antonucci.
Fotos: Lunartty Souta