Eventos técnicos, laboratório de micro-organismos e projetos inovadores de start ups estão no espaço trazendo inovação e solução para o campo

Erika Zanon

Aberto oficialmente neste sábado (5), o Pavilhão Smart Agro chega com novidades e uma proposta inovadora na ExpoLondrina 2025. Pela primeira vez, o espaço foi planejado com um tema central: “Biotecnologia e Transformação Digital”. Toda a programação e os expositores estão conectados a essa proposta, que promete aproximar ainda mais a tecnologia do agronegócio, além de oferecer experiências para toda a família.

De acordo com Tatiana Fiúza, Diretora de Inovação da Sociedade Rural do Paraná (SRP), o público poderá conferir sistemas de produção de biológicos em ambiente controlado, 15 startups apresentando soluções inovadoras, 31 eventos, além de tecnologias de inteligência artificial e agricultura digital. Um dos destaques é a tecnologia Antecipe, da Embrapa, que permite o plantio do milho antes mesmo da colheita da soja, “uma alternativa que deve transformar a dinâmica produtiva no campo”.

Outro diferencial deste ano, destaca Tatiana, é a reabertura da aceleradora Go SRP, espaço voltado ao desenvolvimento de startups. Fechada durante a pandemia, a aceleradora volta com força total promovendo o Hackathon Smart Agro, que ocorre no segundo final de semana da feira. “Serão 27 equipes e mais de 100 pessoas participando do desafio, e os dez melhores projetos serão acelerados para transformar pesquisas em negócios”, adianta Tatiana.

Além disso, acrescenta a diretora da SRP, o pavilhão também foi pensado para atrair as famílias, com robôs interativos circulando pelo espaço e uma programação especial de robótica para as crianças. “Queremos que o produtor, as cooperativas, os empreendedores e também as famílias se sintam convidados a conhecer um espaço totalmente voltado para inovação e tecnologia no agro”, destaca Tatiana.

Marcelo Janene El-Kadre, presidente da SRP, destaca que o objetivo do espaço Smart Agro é poder ajudar o produtor a fazer cada vez mais e melhor. Ele pontua que o pequeno e médio produtor tem capacidade de produção, mas nem sempre acessa a melhor tecnologia. “E esse espaço é para isso, fazer essa conexão”.

Rubens Negrão, Gerente da Regional Norte do Sebrae/PR, reforça que o pavilhão é um precursor de muitos projetos de inovação para Londrina e o Estado. “E também queremos transformar esse ambiente em uma experiência extra para os visitantes da feira”.

Na abertura do Pavilhão Smart Agro foram apresentados alguns cases de sucesso de startups que já passaram pela GO SRP. Um dos destaques foi a trajetória da Dioxd, startup nascida dentro da aceleradora e que hoje se consolida no agro. Criada em 2018 por João Américo Macori Barboza, a empresa desenvolveu uma tecnologia inovadora de tratamento de sementes à base de gás carbônico, capaz de potencializar o desempenho genético de culturas como soja, milho e feijão.

O empreendedor lembra que foi a partir do ecossistema de inovação de Londrina, envolvendo a Sociedade Rural do Paraná, a AgroValley e instituições de pesquisa, que o projeto ganhou força e estrutura para se transformar em um negócio. “Eu cheguei aqui como pesquisador e hoje sou empreendedor. Esse ambiente foi o trampolim que nos permitiu crescer e chegar ao mercado”, conta.

Hoje, a Dioxd está no momento de escalar o serviço e expandir a tecnologia para outras culturas. A startup, lembra João, já atua em dois estados brasileiros e se prepara para um novo passo: a internacionalização da tecnologia. 

Uma das experiências mais inovadoras do Pavilhão Smart Agro na ExpoLondrina 2025 vem chamando a atenção de produtores rurais: um equipamento capaz de transformar a fazenda em um verdadeiro laboratório para multiplicação de micro-organismos. Desenvolvido pela empresa BioXyz, de Piracicaba (SP), em parceria com a Nova Agrícola, de Santa Catarina, o sistema permite a produção de bioinsumos diretamente na propriedade rural, de forma rápida, segura e com controle de qualidade.

A tecnologia, chamada Sedna, simula o ambiente de um laboratório, garantindo um processo livre de contaminação e eficiente na multiplicação de micro-organismos benéficos, como bactérias e fungos usados para controle biológico e promoção do crescimento das plantas. “A proposta é facilitar a vida do produtor que quer trabalhar com bioinsumos, mas não tem estrutura própria para isso. Em até 96 horas ele já tem o produto pronto para aplicação na lavoura”, explica Bruno Bottaro, representante da BioXyz.

O grande diferencial desse modelo é que o produtor não precisa comprar ou alugar o equipamento. O serviço é totalmente terceirizado: a Nova Agrícola monta a estrutura na fazenda, realiza a multiplicação dos micro-organismos de interesse do produtor — como trichoderma, bacillus ou outros bioinsumos — e entrega o produto pronto para aplicação. Após o uso, a estrutura é desmontada e levada para a próxima propriedade, sem gerar custos fixos ou a necessidade de manutenção por parte do agricultor.

Além da agilidade, o sistema garante segurança e qualidade no processo, evitando problemas comuns em produções caseiras de bioinsumos, como contaminação ou baixa concentração de micro-organismos. O Sedna utiliza filtros e bags ionizadas, que criam um ambiente totalmente estéreo para o desenvolvimento dos micro-organismos. Segundo Bottaro, o método também potencializa a produção dos chamados metabólicos secundários — substâncias produzidas pelos micro-organismos que contribuem diretamente para a saúde e produtividade das plantas.

Fotos:Fernando Cremonez e Ricardo Maia