Por Tatiane Salvático
O andamento marchado, caracterizado por uma sequência de quatro tempos sem interrupção, foi tema da palestra ministrada por Luiz Antônio do Nascimento Júnior, na manhã deste sábado (12) na ExpoLondrina. Nascimento é árbitro das raças marchadoras e falou para criadores, adestradores e demais interessados no tema.
No Brasil, raças como Mangalarga Marchador, Campolina, Piquira e o Pêga são mais facilmente encontradas em estados como Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. “O Cone Sul, e aí estão incluídos os estados do Sul do Brasil, não têm tanta tradição com raças marchadoras. Por aqui trabalhamos mais com o Campeiro, um marchador natural em expansão.”
Nascimento explica que a marcha de qualidade depende da boa movimentação dos membros do cavalo, da estabilidade do tronco e do temperamento do animal. “Por isso que a marcha é um trabalho longo. Depende de seleção morfológica e adestramento. Marchar bem, com elegância e nobreza, é uma virtude a ser buscada, o objetivo é ter qualidade funcional, com conforto e segurança para quem monta.
Segundo o especialista, além de beleza e conforto, a marcha torna mais agradável os passeios ou lida com o gado. Ele explica que a marcha picada ocorre em quatro tempos, onde se ouve quatro batidas dos membros no solo. “Os sons das marchas são característicos. Com um ouvido treinado fica fácil de diferenciar, mas com um recurso de vídeo em slowmotion também conseguimos perceber a diferenças dos tempos de apoio dos membros do cavalo. ”
História da marcha
Luiz Antônio do Nascimento afirma que muitos criadores acham bobagem conhecer a história das raças. “Mas é de extrema importância para entender as limitações, especialmente morfológicas”, defende. Ele conta que todas as raças marchadoras do Brasil têm influência de duas raças ibéricas trazidas por portugueses e espanhóis: o Garrano é originalmente do montanhoso Norte de Portugal. Esses cavalos eram chamados de Numerantium pelos romanos– que ocuparam a região por volta de 218 a.C. Do Sul da Península, os ibéricos trouxeram o Sorraia, cavalo de pequeno porte muito utilizado pelos trabalhadores rurais por conta de sua resistência.
“Isso nos mostra que os nossos cavalos têm questões morfológicas próprias. Os marchadores do sudeste do Brasil têm mais influência do Garrano. Eles são maiores e mais fortes. Aqui no Sul, temos o Campeiro, mescla das raças trazidas, salienta Nascimento. A diferença na seleção também reflete no gesto de marcha. Importante termos um cavalo versátil que marche com qualidade.
Foto:Ricardo Chicarelli