Por Mariana Guerin
Terça-feira (8) foi dia de aprender sobre o impacto da agropecuária na sustentabilidade do planeta no I Simpósio de Gestão e Nutrição de Ruminantes da ExpoLondrina 2025. O recinto Horácio Sabino Coimbra ficou lotado de produtores e estudantes que assistiram a dois módulos de palestras sobre inovações, tendências, cria, recria e engorda, que culminaram nas mesas redondas “Vivendo o presente...construindo o futuro!” e “Para onde estamos caminhando?”.
Além de descobrir como o metano pode sair da condição de vilão para se tornar oportunidade para a pecuária, os participantes aprenderam sobre adubação foliar como ferramenta para o manejo de pastagens, uso de aditivos para uma nutrição animal inovadora, gestão para uma cria lucrativa e minimização dos riscos sanitários com manejo nutricional inteligente. Outras palestras abordaram como o planejamento da recria define o sucesso do sistema e a inovação na produção e comercialização de carnes de qualidade.
Para o diretor de Pecuária da Sociedade Rural do Paraná, Luigi Carrer Filho, o simpósio tem tudo a ver com a feira. “É mais um tema que a gente traz para discussão dentro da programação da exposição, discutindo saúde e produção de ruminantes que envolve a produção de ovinos e bovinos. Tem tudo para dar uma sequência muito boa porque só nesta primeira edição eram 150 vagas para inscritos e já reunimos 180 pessoas”, comemora.
“E mais uma vez a gente prima pelo alto nível dos palestrantes, justamente pelo quadro de pesquisadores, professores e técnicos que participam dos eventos. Esse é um diferencial da ExpoLondrina, por isso todos os eventos técnicos são bastante procurados”, completa Luigi Carrer Filho, destacando a participação em massa de estudantes dos últimos anos de graduação no simpósio, “além de trazer para dentro do parque as empresas que ajudam a difundir a tecnologia para o produtor”, reforça o diretor.
A médica veterinária Najara Fernanda do Nascimento Alves explica que a ideia do simpósio é mostrar inovações que têm revolucionado o mercado de nutrição para ruminantes, como a possibilidade de tornar as emissões de metano, hoje considerado o vilão na agropecuária, em oportunidades para os produtores, por exemplo.
“A redução nas emissões de metano pela pecuária contribui diretamente para a sustentabilidade do planeta como um todo. Outro tema importante é o impacto positivo do uso de aditivos na alimentação de ruminantes para o aumento da eficiência e da produtividade na pecuária, contribuindo, também, para a sustentabilidade da cadeia”, cita Najara.
Todos os temas do simpósio nortearam a busca por uma pecuária mais sustentável e como é possível mitigar os efeitos da emissão de gases de efeito estufa pelos animais ruminantes, em especial, vacas e bois.
“Várias tecnologias já estão sendo utilizadas com o objetivo sustentável, seja na parte foliar ou na parte de aditivos. E quando a gente fala em ESG, a gente fala em meio ambiente, economia e também da questão social”, diz a veterinária, destacando que a sucessão familiar tem impacto direto na qualidade da produção agropecuária atual.
“No contexto da sucessão familiar, o impacto social recai diretamente sobre a qualidade do trabalho do produtor, que já pode se apropriar de ferramentas tecnológicas e de gestão para melhorar a sustentabilidade do negócio da família e, consequentemente, a sustentabilidade do planeta”, declara Najara Aves.
Para ela, a participação de tantos estudantes no I Simpósio de Gestão e Nutrição de Ruminantes é impactante. “Isso é muito legal, porque eu me lembro da época da faculdade, da quantidade de formações que a gente tinha além do currículo acadêmico. É uma formação social importante, de como esse estudante vai contribuir para a cadeia como um todo lá na frente. Então, é muito bacana ver um público de estudantes interessados em discutir.”
A palestra de abertura do simpósio foi do médico veterinário Matheus Cappellaro, que discorreu sobre emissões de metano por ruminantes e como este vilão pode se tornar oportunidade para a pecuária. “Tudo que a gente pode fazer para melhorar a qualidade do pasto dos animais vai, automaticamente, reduzir a produção de metano na pecuária”, atesta.
“Se a gente puder melhorar e conseguir manejar melhor as pastagens, a gente já tem um ganho enorme, do ponto de vista de produção animal, de ganho de peso animal e também de produção de metano”, complementa o veterinário.
Ele cita também a metodologia que consiste no uso de câmeras de monitoramento de animais de maneira individual. “Você consegue ter uma ideia de volume de gás que esse animal produziu pela diferença de concentração dos gases que entraram e dos que saíram da baia e pela estimativa do fluxo de gás que esses animais produziram. Então, é uma metodologia muito precisa e considerada padrão ouro, mas é também a mais cara”, informa.
O veterinário lembra que a integração lavoura-pecuária e a integração lavoura-pecuária-floresta também são formas sustentáveis de produção de baixo carbono que costumam atrair empresas preocupadas com a sustentabilidade, especialmente no ramo da celulose. “Então começa a se ter dinheiro vindo, principalmente, do setor privado”, sugere.
Fotos: Fernando Cremonez