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13/04/2025

Hackathon Smart Agro premia pesquisa sobre iogurte de alunas do IFPR

Por Mariana Guerin
Yogucap, projeto elaborado por quatro estudantes do Instituto Federal do Paraná (IFPR) – campus Londrina, venceu o Hackathon Smart Agro 2025 na categoria Ensino Médio e Graduação. Já o vencedor na categoria Pós-Graduação foi a startup Nanogrow, do Mato Grosso. A premiação encerrou neste domingo as atividades do Pavilhão Smart Agro da 63ª ExpoLondrina. O tema da maratona deste ano foi: transforme sua pesquisa em uma startup.
A diretora de Inovação da Sociedade Rural do Paraná, Tatiana Fiuza, ressaltou que a banca de jurados ficou muito satisfeita com os projetos apresentados pelos grupos de Graduação e Ensino Médio. Ao todo, participaram do Hackathon 103 pesquisadores divididos em 22 equipes. 
“Eles estão com projetos muito inovadores, numa linha mais disruptiva. Vamos premiar seis, mas são muitos bons projetos”, diz Tatiana, reforçando que a Sociedade Rural, em especial o braço de inovação SRP  Valley, está muito orgulhosa do resultado da maratona como um todo.
“Nosso desafio era gerar startups de mais impacto, por isso a gente foi buscar na pesquisa. E nós estamos muito satisfeitos com o resultado, a gente realmente conseguiu elevar a régua e muito desse Hackathon. Ele é pioneiro no Paraná no sentido de transformar pesquisa em novos negócios. E a gente gostou muito do que a gente viu aqui hoje”, avalia Tatiana.
Nivaldo Benvenho, diretor Financeiro da Sociedade Rural do Paraná, participou da cerimônia de premiação e lembrou que a ideia de criar algo diferente em parceria com o Senai e o Sebrae vem de 2015. “De 2015 para 2016 nós fizemos o primeiro hackathon do agronegócio a várias mãos.  Muitas entidades se uniram para isso e colhemos os frutos. Muita coisa aconteceu, não foram só as startups, mas as pessoas que neste meio encontraram o seu caminho e galgaram para outros negócios”, recorda o diretor.
Ele assinala que a SRP está a um telefonema de qualquer necessidade dos empreendedores. “Esse é o maior patrimônio que vocês vão receber. Precisando de uma orientação de alguém de Brasília, de um produtor, de um deputado, de qualquer coisa, com um telefonema, a Sociedade Rural consegue colocar essa pessoa ou essa entidade, por mais distante que pareça, num contato direto com o empreendedor. Quem já passou por isso na aceleradora sabe que mais importante que o dinheiro que vem é a capacidade de networking que a Sociedade Rural tem”, reforça Nivaldo Benvenho.
O primeiro, segundo e terceiro lugares do Hackathon receberam premiações em dinheiro, patrocinadas pela Bratac Seda. Os primeiros lugares receberam R$ 3 mil, os segundos, R$ 2 mil e os terceiros, R$ 1 mil. Na categoria Ensino Médio e Graduação venceram os projetos Yogucap (1°),  AgroSeal (2°) e Remush (3°). Já na categoria Pós-Graduação, o primeiro lugar ficou com a equipe Nanogrow, Carnetech com o segundo e Tubera com o terceiro. 
As estudantes Emily Rodrigues Venturini de Souza, Ana Flávia Marinho de Carvalho, Rafaela Pereira Gonçalves e Maria Eduarda Raimundo, alunas do segundo, terceiro e quarto anos do curso técnico de Biotecnologia do IFPR, tutoradas pelo professor Felipe dos Santos, idealizaram o Yogucap. 
“O projeto é baseado no iogurte líquido da cadeia de frio, que seria um iogurte que poderia ser produzido na temperatura ambiente. Teria uma caixinha de leite UHT e enquanto gira a tampinha libera o fermento dentro da caixinha. Quando fecha a tampinha de novo, acontece a fermentação em temperatura ambiente, de 12 a 24 horas, e no outro dia já está pronto para o consumo”, explica Ana Flávia, contando que a ideia da pesquisa partiu do professor Felipe.
“A ideia foi minha, mas a construção foi nossa. A gente já tem dois anos de pesquisa em laboratório, testando temperaturas diferentes, quantidade de fermento diferente, e a gente viu que era possível fazer um produto nesse formato”, declara o professor, ressaltado que a equipe trabalhou bastante em laboratório, inclusive de madrugada, para acompanhar a fermentação que durava às vezes 30 horas seguidas.
Felipe lembra que o IFPR teve uma oportunidade em 2023 de uma parceria com o Instituto da Agricultura, que financiou um projeto grande na área de tecnologia de alimentos,  disponibilizando bolsas para projetos de pesquisa. As alunas foram bolsistas desse projeto. “Antes, a gente avaliava mais o processo do iogurte em temperaturas diferentes, quantidade de inóculos, depois elas deram início a esse processo de analisar mais profundo e também pensar no nosso protótipo, que seria para a venda”, completou Emilly, do quarto ano, que participa da pesquisa desde o início.
Aílton Terezo, um dos integrantes da startup Nanogrow, explica o projeto vencedor do Hackathon na categoria Pós-Graduação. “O nosso projeto é um nanocarbono de origem renovável que quando aplicado foliarmente nas culturas de soja, algodão e na braquiária, resulta em um crescimento dessas plantas e com consequente incremento de produtividade no caso da soja e do algodão. E na pecuária é um ganho de volume de pastagem, o que significa colocar mais gado por área de pastagem”, descreve.
Ele conta que o produto já foi testado dentro de universidades em parceria com o laboratório de ecofisicologia vegetal da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e que os primeiros experimentos já foram a campo. “Esse é o momento da nossa startup validar a tecnologia em ambiente real, para que a partir daí a gente conclua o valuation desse produto para iniciar uma segunda etapa de comercialização.”
O Nanogrow vem sendo desenvolvido dentro da Universidade Federal do Mato Grosso desde 2015 e foi acelerado em uma parceria com a UEL e com a Agro Valley. “Essa parceria nos permitiu obter mais informações, mostrar que esse produto tem um rendimento, tem uma performance melhor que produtos comerciais”, diz Terezo. Além dele, integram a equipe Nanogrow a diretora administrativa Adriana de Paula Cardoso, o pesquisador Adriano de Siqueira e a sócia Marilza Castilho. 
“Viemos de Cuiabá para viver essa excelente experiência nesse hackathon da governança Agrovalley. Foi uma experiência muito valiosa para nós, pela aprendizagem, pela convivência. E, para nossa surpresa, estamos levando o prêmio de primeiro lugar na categoria de pós-graduação, com uma contribuição importante da Sociedade Rural do Paraná”, celebra Aílton Terezo.
Ao final da premiação, Tatiana Fiúza, diretora de Inovação da SRP, anunciou os nomes das dez equipes do Hackathon Smart Agro que participarão do programa de aceleração da Agro Valley, Go SPR: Yogucap, AgroSeal, Remush, CropGuard, Silko, Nanogrow, CarneTech, Tubera, Casca Viva e Carbonova.  “A primeira etapa será de pré-incubação para depois acontecer o processo de aceleração pela Go SRP”, conclui a diretora.

O Hackathon é uma iniciativa da SRP, Sebrae e Agro Valley.
Fotos: Fernando Cremonez
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