Por Vítor Ogawa
A ExpoLondrina 2025 tem reforçado seu compromisso com o bem-estar animal, adotando medidas rigorosas para garantir condições adequadas a todas as espécies participantes do evento. De acordo com César Fabiano Vilela, médico veterinário especializado em medicina veterinária legal e consultor da Sociedade Rural do Paraná, a feira vem evoluindo constantemente nesse aspecto desde 2017.
Os animais recebem alojamento específico para cada espécie, considerando necessidades individuais, como espaço, ventilação e higiene. Uma equipe de 30 estudantes de medicina veterinária, supervisionada por profissionais especializados, realiza três auditorias diárias, avaliando: condições nutricionais (qualidade e quantidade da alimentação); saúde e sanidade (prevenção de doenças); ambiente (limpeza, ventilação e conforto); comportamento (expressão de hábitos naturais); bem-estar psicológico (redução de estresse).
"Os números de problemas de saúde são muito baixos, quase zero", afirmou Vilela. Casos detectados são imediatamente isolados e tratados. Ele explicou que na eventualidade do animal não estar bem em si, seja pelo ambiente inadequado ou com alimentação ruim, isso se refletiria em distúrbios. “Normalmente a primeira coisa a surgir são distúrbios de origem digestiva e nesses casos o serviço clínico é imediatamente notificado.” Caso isso aconteça, esse animal é levado para um para um outro ambiente, separado dos demais e é devidamente acompanhado. “Mas essa casuística está muito baixa, muito inferior ao registrado no ano passado.”
Se é constatada qualquer situação anormal ou que possa ser prejudicial ao bem-estar do animal, a equipe intervém imediatamente para corrigir. Eles orientam o criador para realizar essa correção e isso acaba resultando em um nível de excelência.
Vilela ressaltou que orienta os criadores e tratadores a reproduzir um ambiente que seja adequado a cada espécie e o mais próximo do natural, uma vez que circulam no Parque bovinos, ovinos, caprinos, peixes e pets. “Mas não tem como ser natural, porque esse aqui é um ambiente artificial que pouco se assemelha com a fazenda de criação. O mais importante é você preparar esses animais que vão vir para a Expo. Por exemplo, para os bovinos fornecemos água limpa, fazemos a silagem de milho e a cama é a que eles gostam de dormir, de palha de arroz. E à noite a gente faz questão de desligar as luzes do pavilhão para eles terem tranquilidade. Os animais são dóceis, só que eles são grandes e têm força. Nossa preocupação é que um deles pode dar um coice e machucar alguém sem que o animal saiba o que que ele está fazendo, porque muitas vezes é só o instinto dele.”
Sobre a preocupação dos visitantes em relação aos cuidados dos animais durante a ExpoLondrina, Vilela explicou que a sociedade moderna se mostra menos antropocêntrica, e tem uma sensibilidade maior com os animais. “Eu não gosto muito desse termo, mas a sociedade procura humanizar esses animais. É muito importante esclarecer que tudo que é conduzido aqui, segue um arcabouço legal e normativo. O bem-estar animal é uma ciência intrínseca.”
Quem coordena isso é a organização mundial de saúde animal, que traça as diretrizes básicas para garantia da saúde animal. O Brasil, como país signatário ao lado de outros 181 países do mundo, absorve essas diretrizes e transforma isso em políticas públicas com marcos regulatórios. Aqui no Paraná isso é feito através da Agência de Defesa Agropecuária (Adapar). Ela fiscaliza o evento 24 horas por dia. Além do bem-estar animal, a Adapar verifica a condição sanitária deles. “Todos os animais passam por inspeção sanitária antes de entrar no parque, com exigência de exames para doenças como brucelose e tuberculose. Então a sociedade pode ficar muito tranquila com relação a isso”, destacou.
Sobre o risco de um animal estar assintomático entrar no parque, Vilela explicou que isso é minimizado por conta dessa inspeção. “Por isso existe esse cuidado intensivo da equipe, dos estagiários da veterinária em fazer três auditorias diárias.” Se porventura o animal apresentar um corrimento ocular, um corrimento nasal ou alguma coisa que possa ser de doença, imediatamente ele seria segregado dos demais e encaminhado para atendimento veterinário. Essa possibilidade é mínima, e não ocorreu.
Vilela destacou que a Expo Londrina atingiu um padrão de excelência em bem-estar animal, mas ainda há espaço para evolução, como expandir o enriquecimento ambiental a mais espécies. "A sociedade pode ficar tranquila: tudo aqui segue normas nacionais e internacionais", concluiu.
A feira segue até domingo (13), no Parque de Exposições Governador Ney Braga.
Foto: Rubem Vital