Diretora de Inovação da SRP Tatiana Fiuza destaca 13 soluções inovadoras para o agronegócio presentes no Pavilhão Smart Agro
Por Mariana Guerin
O agricultor Emílio Saiki, de São Sebastião da Amoreira, é um bom exemplo de como o uso da biotecnologia pode incrementar a produtividade da lavoura com um bom custo-benefício. Há dois anos ele utiliza as soluções da startup qbn Tecnologia, que representa produtos sul-coreano Brasil. “Faz dois anos que uso o Mirac e o Revoluc e está dando certo, está produzindo bem. Estou usando mais no trigo, mas o milho deu bastante. Eu recomendo”, diz o produtor, que obteve safras recordes depois de usar os produtos: 494 casas de milho por alqueire e 224 sacas de soja por alqueire.
A qbn Tecnologia é uma das startups que apresenta soluções em biotecnologia no Pavilhão Smart Agro, na ExpoLondrina. Edilson Lopes, diretor comercial da empresa, avalia que as duas soluções – Mirac e Revoluc – podem mudar a vida de pequenos produtores, principalmente os que trabalham com estufas.
“No tomate, por exemplo, que a produtividade média de uma estufa de mil metros por mil pés é de cerca de 400 caixas no ciclo, tem gente que consegue colher até 900 caixas. Então, consigo impactar definitivamente a vida deles”, avalia Lopes.
Ele explica que as duas soluções são fertilizantes minerais mistos, produzidos a partir de nanopartículas que auxiliam o desenvolvimento e o aumento da produtividade e da qualidade da planta. “Servem para milho, soja, trigo, café e estufas, com incrementos de até 10% na produtividade da soja, por exemplo.”
Carla Porto da Silva, diretora da MS Bioscience, startup de base tecnológica conectada ao hub Cocriagro de Inovação, apresenta na ExpoLondrina a solução NemaSpec, desenvolvida em conjunto com a Agronema, que ajuda no manejo de fitonematoides na agricultura. “A gente traz uma solução rápida e eficiente para identificação com alta assertividade de nematoides que parasitam as principais culturas agrícolas, como arroz, soja, milho, algodão e café.”
“O produtor normalmente faz análise de solo, mas não basta apenas detectar nematoides, você precisa saber quais são e tem alguns que são extremamente agressivos para as culturas. Existem perdas até de uma safra de soja a cada dez safras, café são duas, hortaliça são quase três. Então é um problema muito sério e que não tem um diagnóstico preciso a tempo de corrigir”, diz Carla.
“Então a gente entra com uma ferramenta rápida, assertiva e que com o único indivíduo de nematoide a gente consegue trazer o gênero e a espécie, no caso de nematoide de galhas. Em breve a gente vai entrar com nematoide de cisto”, completa a diretora.
Ela reforça que ao investir na NemaSpec o produtor já vai identificar a espécie de nematoide e conseguir fazer um manejo mais adequado, colocando a cultura de cobertura ou fazendo a rotação de cultura da forma mais eficiente, tratando o solo e a cultura de forma a inibir o crescimento acelerado do nematoide no campo.
A Farmbuy é uma plataforma de negócios agrícolas que reúne diversas soluções para o produtor. “Nós fazemos a conexão entre os três pilares do agro: o produtor rural, as empresas e os profissionais do agro. Eles podem comprar e vender, de usuário para usuário”, informa o diretor comercial da startup, Bruno Costa. O acesso à Farmbuy é gratuito: basta digitar app.farmbuy.com.br ou baixar no Google Play ou Apple Store.
Ele reforça que a plataforma traz ainda horários oficiais, notícias, cotações, bulas de todos os agrotóxicos vendidos no Brasil, além do lançamento de uma ferramenta de inteligência artificial que responde dúvidas do agronegócio. “Nós temos dois anos de mercado e hoje já são 3,5 milhões de acessos por mês, fora toda a base de usuários”, completa Costa, recordando que a ideia do portal surgiu a partir de um sistema de consultorias criado por ele e o CEO da empresa, André Knopp.
Outra solução apresentada no Pavilhão Smart Agro é a plataforma de rastreamento de ativos em ambientes internos da startup Switch Soluções IoT. “Desenvolvemos soluções de internet das coisas, então a gente consegue monitorar pessoas, insumos, lote de produtos, tudo para cadeia de suprimentos”, enumera o CEO da empresa, Maicon Roger do Rosário.
Entre as soluções estão sensores inteligentes, comunicação com antenas de mapeamento, transmissão para o servidor, análise e relatórios. “Pode ser utilizada, por exemplo, em uma fazenda de leite, onde o produtor pode monitorar a temperatura do leite, se ordenhou, o caminho da ordenha da vaca até o tanque de refrigeração. Pode utilizar o sensor para monitorar a logística e a produtividade, o controle de acesso dos colaboradores, todo o processo da produção”, complementa Rosário.
É a primeira vez dele na ExpoLondrina. “É uma das maiores feiras do Brasil, então é importante participar para que todo o agronegócio conheça a gente, principalmente as indústrias, cooperativas e tantos produtores rurais.”
“Quando ele descobre os benefícios de toda a solução, resolve muitos problemas, pois a internet das coisas está aí para levar o dado para o produtor acompanhar em tempo real”, finaliza o CEO da Switch Soluções IoT.
O tema do Pavilhão Smart Agro deste ano – Biotecnologia e Transformação Digital – vem de duas pautas importantes. “Toda vez que a gente fala em tecnologia, a gente acha que é só aplicativo, mas a gente tem no agronegócio a parte de biológicos, que é muito importante, a gente tem esse desenvolvimento de novas soluções, seja de produtos, seja de novas sementes voltadas à biotecnologia”, explica a diretora de Inovação da Sociedade Rural do Paraná, Tatiana Fiúza.
Ela reforça que o agro precisa passar pela transformação digital. “Por dois grandes motivos, o primeiro é geracional. É uma geração que já nasce com o celular e se ela for ficar na fazenda, ela precisa ter esse acompanhamento. O segundo é porque como a gente vive um mercado que oscila muito, a gente vive estresse climático, a gente precisa trazer a tecnologia para o campo.”
“Estamos bem animados com o pavilhão porque as pessoas estão vindo, estão conhecendo, a gente tem soluções tanto para produtores, como para a família, com a robótica”, destaca a diretora, assinalando que a agenda técnica do Smart Agro terá 31 eventos nos dez dias de feira, em diferentes áreas, desde inteligência artificial, melhoramento genético, passando por times de alta performance. “São temas que envolvem empresas, negócios, e esperamos um público também voltado a essa área de conhecimento em pavilhão.”
Ainda conforme Tatiana, 13 startups irão se revezar durante a ExpoLondrina. “A Sociedade Rural do Paraná fez uma parceria com o Cocriagro, hub de inovação que coordena essas startups, e o hub selecionou quais seriam as melhores para estar no pavilhão este ano”, detalha Tatiana, citando que algumas startups vieram de fora de Londrina, “reconhecendo, na Expo, essa oportunidade de fazer negócio, de conhecer produtores e apresentar seu negócio”.
Entre as soluções que serão apresentadas nos próximos dias estão software de gestão de propriedade, retenção de carbono no solo por meio de reminerizadores, bioinsumos, automatização de plantas de piscicultura, ”além de startups que fazem monitoramento de campo e soluções que envolvem biotecnologia e plataformas para que esse produtor traga para a sua propriedade e consiga aumentar a sua margem de lucro”, completa Tatiana.
Fotos: Ricardo Maia